Viagem Inesquecível para Suécia e Noruega
Em uma das reuniões de trabalho fiquei conhecendo Lars, um engenheiro sueco, o qual, com o passar do tempo, se tornou meu amigo. O Lars me ofereceu uma viagem a Suécia para visitar a sua empresa a qual patrocinaria a viagem custeando as passagens aéreas, meus gastos extras, e as despesas de hotel. Disse a ele que só poderia viajar durante as minhas férias em julho de 1995, porque não poderia me afastar do trabalho. Uma vez tudo acertado, passei a tratar pessoalmente deste assunto com sua secretaria. Tirei 15 dias de férias oficiais.
Em 08.7.1995, sábado, fiz a viagem para Estocolmo. Conforme combinado com a secretaria, eu apanhei o bilhete aéreo do trecho Brasília – São Paulo, em Brasília. No dia da viagem, a secretária me esperava numa sala vip do aeroporto de São Paulo. Ela me entregou as passagens aéreas de ida e volta, de São Paulo - Estocolmo, com escala em Londres e Copenhague. Tudo isto havia sido planejado com antecedência. O vôo era da SAS, Scandinavian Airways, porém o avião era da VARIG. Era um vôo compartilhado entre as duas empresas. Tive uma escala, sem sair do avião, no aeroporto de Heatrhow em Londres. A viagem da VARIG terminou em Copenhague na Dinamarca, onde passei tranqüilo pela imigração e alfândega, sem ninguém me pedir e nem perguntar nada. Fiquei aliviado. Aqui é uma maravilha, pensei comigo, não há tanta rigidez no aeroporto com a entrada de estrangeiros no país. Quando estava já me dirigindo para a sala de embarque, um homem sem uniforme se dirigiu a mim, me abordou, em inglês, solicitando-me, lhe mostrar minha passagem e passaporte. Ele conferiu e me liberou em seguida. Imaginei ser funcionário da Imigração. Durou pouco minha admiração pela facilidade para ingressar no país, que pensei existir. Embarquei num avião da SAS em direção a Estocolmo.
Domingo dia 9.7.1995, no aeroporto de Estocolmo, estava me esperando uma simpática, sueca loura, magra, com 45 anos de idade aproximadamente. Eu já havia combinado antes com ela, pelo telefone, este encontro no aeroporto. Recepcionou-me, muito bem, falando em inglês, e me levou até o hotel Sheraton, cinco estrelas, no centro de Estocolmo. Certifiquei-me de que todas as despesas com este Hotel seriam pagas pela empresa. Afirmei-lhe que eu não teria condições de custear tanta mordomia. Ela disse-me que todas as despesas seriam por conta da empresa. Era um luxo total. O quarto era similar ao da figura. A mulher me acompanhou até o apartamento e entrou comigo no quarto para tratarmos dos detalhes do dia seguinte. Despedimo-nos e passei a apreciar o hotel e a cidade antes de dormir.
No outro dia, conforme combinado, ela me apanhou no hotel ás 8.30 hs da manhã, e me levou, em um táxi especial, até a fábrica da Empresa. Nos primeiros três dias, 10, 11 e 12 de julho de 1995, tive reuniões, discussões, apresentações, visitas a laboratórios, com o pessoal técnico. Almoçava dentro da fábrica em uma sala, especialmente preparada para receber convidados, com decoração especial e almoço regado a vinho. Não estando ainda satisfeitos com o tratamento a mim dispensado, durante o dia, a equipe escolhia uma pessoa, para me levar para jantar todas as noites.
Na última noite me foi feita uma surpresa fascinante. Para jantar embarcamos em um barco e navegamos pelos canais existentes dentro da cidade, até chegar a um local, no braço do mar, onde as águas estavam paradas, e circundadas por campos gramados e floridos. Lá mesmo, no final do entardecer, dentro do barco nos foi servido o jantar, regado a vinho, salmão, camarões, aperitivos e ostras. Depois foram servidas as sobremesas já ao anoitecer. Participava deste passeio, uma engenheira loura muito simpática, um engenheiro seu chefe, além de minha
cicerone particular e privada, que me recebeu no aeroporto e me acompanhava em todas. Foi tudo muito legal, verdadeiramente impressionante, cinematográfico, o bom gosto e a surpresa deste jantar.
De volta, ancoramos no cais e nos dirigimos para o centro da cidade de onde fomos dar uns passeios pelos bares noturnos. Em um deles, previamente escolhido pela equipe, haviam bebidas e drinks brasileiros, onde todos nós bebemos, pelo menos, uma caipiroska. A loira me confessou algumas intimidades de sua vida, e quase a pedi em casamento, se não já estivesse noiva e eu não fosse brasileiro. Fomos dormir já tarde da noite. Depois das visitas técnicas que duraram 3 dias, eles me ofereceram um passeio turístico de 4 dias, pelo norte da Suécia. Eu aceitei. Aconselharam-me a comprar roupa de frio para este passeio. Comprei um casaco amarelo que tenho até hoje. Ganhei também uma blusa de lã da Empresa de brinde para usar debaixo do casaco. A Empresa havia me emprestado um telefone celular digital GSM para testar. O GSM fora lançado na Europa e no Brasil ainda não se tinha escolhido o padrão digital do celular. O telefone era liberado para chamadas internacionais e nacionais sem ônus para mim. Podia ligar para o Brasil sem pagar nadinha.Gostei muito da idéia, liguei para os meus filhos, que estavam de férias em Caldas Novas, falei com alguns amigos e com familiares.
Passeio Turístico Na Lapônia Sueca
Quinta feira, 13 de julho de 1995, no dia da viagem de turismo, meu cicerone e um engenheiro já meu conhecido de almoços e reuniões, me apanharam no hotel de onde seguimos para o aeroporto de Estocolmo. Minha bagagem principal ficou dentro do quarto no Hotel Sheraton. As diárias deste hotel, dos dias que eu estaria viajando a turismo, fora de Estocolmo, também estariam sendo pagas pela Empresa. Num avião Fokker 100 da SAS, em uma hora e meia, viajamos para Kiruna.
Kiruna é uma cidade do norte da Suécia na Lapônia ( Lapland em sueco) , região que engloba quase ¼ doterritório da Suécia, ao norte do pais, a 145 km acima do Círculo Polar Ártico com cerca de 19.000 habitantes e 23.000 em todo o município. O nome Kiruna provém do idioma Sami Giron e significa "perdiz branca", ave branca nativa das zonas setentrionais da Lapônia. O ferro simboliza a indústria mineira, de vital importância para a economia da cidade. Kiruna é um dos maiores municípios do mundo em área, com 20.000 km2, do tamanho de Israel. O município é cruzado por sete grandes rios entre eles o Torne , rio no qual fizemos um passeio.
Nesta viagem, atravessamos o círculo polar ártico, a linha imaginária que marca 60 graus de latitude. Era verão
na época. Naqueles dias os dias têm 24 horas. Ou seja, não escurecia hora nenhuma. Era sol durante 24 horas. Íamos dormir com o sol estatelado e brilhando como se fosse meio dia. A temperatura era cerca de +2 graus centígrados. No inverno ela atinge limites de até – 40 graus centígrados. Os tetos das casas são pintados de vermelho, talvez para ajudar no aquecimento, durante o inverno. Desembarcamos no aeroporto de Kiruna e um guia nos levou até o centro da cidade, ás 11 horas da manhã. Eu já estava com fome. Num shopping, sentamos numa mesa e nos foi entregue, pelo guia, o café da manhã. Era um sanduíche frio com tomate, alface, patê de peixe, e fatias frias de salmão defumado. Comi o lanche porque a fome era demais.
Depois fomos conhecer os pontos turisticos mais relevantes da cidade. A irgreja de madeira é sensacional e muito bonita conforme foto ao lado. Visitamos o museu que é um centro de artesanato Sami de venda de artesanato tradicional Sami, e Exposições num cenário de montanha.A foto ao lado mostra a igreja de madeira um dos monumentos mais atrativos da cidade.
Visita á maior Mina de Minério de Ferro do mundo
Nosso primeiro passeio seria visitar a mina de extração de ferro daquela cidade. Esta é a maior mina subterrânea do mundo, afirma o site da empresa LKAB. Com um veio de minério de 4 km de comprimento, 80m de espessura e atingindo uma profundidade de 2 km, a LKAB de Kiruna é a mais moderna e maior mina subterrânea de minério de ferro do mundo. Desde quando começou há 100 anos, a LKAB produziu mais de 950Mt de minério, mas apenas um terço do veio de minério original foi extraído.
Foi-nos entregue um capacete de proteção. Entramos num ônibus do Escritorio de Turismo de Kir cheio de pessoas que também usavam o mesmo capacete. Foto do Ônibus ao lado. A maioria era turista da Finlândia, país vizinho. Eu conversava com meus amigos em inglês. Na maioria das vezes eles conversavam em sueco e às vezes conversavam em inglês. Quando queriam trocar segredos falavam em sueco. A particularidade principal deste passeio era o imprevisto e inesperado. Eu não sabia o que iria ocorrer comigo até o momento em que se iniciava a atividade e apenas desconfiava do que viria logo em seguida. Eles não me adiantavam nada, até porque, eles mesmos, não sabiam do programa com antecedência. Se estivesse com um panfleto do programa poderíamos saber todo o trajeto e atividades do tour.
O ônibus partiu. Entramos dentro de um túnel. Um guia nos informava em sueco, e em inglês, o trajeto do
ônibus e ia descrevendo por onde passávamos. O ônibus iria trafegar dentro do túnel até chegar a uma profundidade de 540 metros abaixo do nível da superfície. Comecei a ficar preocupado com minha respiração. Mas não houve problemas. Para chegar no fim do caminho, o ônibus gastou cerca de uma hora. Era tudo arejado com ar purificado. O nível de produção da mina era aquele em que estávamos visitando, a 540 metros abaixo da superfície. O passeio foi, portanto realístico porque presenciamos a extração ao vivo do minério de ferro. Dentro da mina, foram feitas muitas demonstrações com máquinas perfuratrizes que tinham uma broca imensa e era enfiada na rocha e perfurando os veios para serem depois explodidos com explosivos. Era uma coisa enorme e muito esquisita. Fazia um barulho ensurdecedor. Dava até medo ficar perto dela.Foto ao lado.
Havia um museu dentro da mina, sala de apresentação de vídeo e mineiros fazendo escavações de verdade. Ficamos uma hora dentro do buraco. Gastamos meia hora para sair. O caminho de saída e entrada era escuro, pouco iluminado, e dava uma sensação ruim de claustrofobia.
Hoje, a visita é a mesma com muitas inovações e avanços tecnológicos. A visita do InfoMine LKAB Kiruna é realmente impressionante. O passeio começa com uma apresentação de slides e um filme em um moderno auditório multimídia. O InfoMine situa-se acima do nível de produção atual, que está entre 775m e 1045m. As tecnologias diferentes usadas na mineração de Kiruna são explicadas pelo apresentador. Poucos mineiros fazem trabalhos subterrâneos. Os sulcos são perfurados e triturados por brocas perfuratrizes automáticas e trituradores operadas por controle remoto e computadores ao nível da superfície. Depois o minério é içado para a superfície para ser processado.
Um recente artigo publicado no Daily Telegraph (25 de setembro de 2004) revela que a previsão geológica afirma
que existe propagação de fissuras da mina no subsolo da cidade de Kiruna e teme-se que dentro de 20 anos a cidade inteira vai desaparecer dentro da mina. O artigo de 3.9.2007 publicado pelo site geólogo.com.br afirma - Mineração faz cidade no norte da Suécia mudar de lugar. A cidade de Kiruna, na Suécia, a 145 quilômetros acima da linha do Círculo Polar Ártico, está sendo literalmente mudada de lugar. Famosa por abrigar o Hotel do Gelo, a cidade está ameaçada por rachaduras provocadas no solo por décadas de extração de minério de ferro. Para resolver o problema, decidiu-se mudar a cidade de 24 mil habitantes para outro lugar, a quatro quilômetros de distância; todo o centro da cidade será desmontado ou demolido, numa área total de 20 quilômetros quadrados.
Na primeira fase da megaoperação de mudança, caminhões vão rebocar as primeiras 70 casas. E quem vai pagar a conta é a estatal de mineração LKAB: cerca de US$ 4,4 bilhões. Kiruna nasceu com o início da mineração do ferro, em 1890. Mas a indústria que deu origem a cidade começou a consumir as próprias fundações de Kiruna. Durante mais de 50 anos, a LKAB extraiu o minério da superfície do solo e do topo de uma montanha. Mas a partir da década de 60 foram abertas minas subterrâneas no Monte Kiirunavaara, base deste maior depósito do mundo. Com isso, começaram a surgir rachaduras, que se expandiram lentamente, ameaçando as fundações de casas e prédios. O centro da cidade, situado ao pé do monte Kiirunavaara, está em uma zona crítica de perigo de desabamento – razão pela qual toda a área central será deslocada para a base do monte Luossavaara, a quatro quilômetros de distância. O link do Google maps da mina é http://maps.pomocnik.com/satellite-maps/?map=1776
Depois deste passeio fomos para os arredores de Kiruna visitar museus dos antigos esquimós. Eu estava com fome, mas ficava calado. Quando era mais ou menos 15 horas, nos dirigimos para a próxima atração. Outro guia veio até a mina e nos apanhou.
Pratica de rafting no Rio Torne.
A atração seguinte seria o forsranning (sueco), rapid racing ( inglês), raft como é conhecido aqui, travessia de 40 kms de correntezas, no rio Torne. A maior parte do leito do rio Torne separa a Finlândia da Suécia. É a fronteira entre os dois países. Só fiquei sabendo o que iria ocorrer depois de estar vestido com uma roupa de bombeiro e com salva vidas. Ou seja, iríamos navegar 40 kms em um rio grande e cheio de correntezas em um bote inflável. O guia, experiente como ele próprio afirmou, ia nos conduzir, e nos deu as instruções de como deveríamos nos comportar se o barco virasse. Deveríamos permanecer boiando em cima da água e esperar até ele nos alcançar para nos socorrer. A partir deste momento comecei a ter medo. O guia fez uma descrição do trajeto da viagem para nós. Informou que atravessaríamos correntezas dos níveis 1 a 4. A de nível 4 era a mais forte e era a última. Uma lancha pequena se aproximou da margem onde estávamos para nos rebocar até o leito do rio. Ao alcançar o centro do rio, a lancha se desengatou de nosso bote e a correnteza nos conduziu rio abaixo. A foto mostra o inicio do tour.
Quando passamos pela primeira correnteza, dita ser de nível 1, o barco rodou e eu que estava indo de frente, fiquei de costas. Com o remo, o guia colocou o bote na direção certa. Cada um dos passageiros tinha um remo. Deveríamos remar e ajudá-lo a colocar o bote na direção correta quando este fugisse do rumo. Os quatro deveriam remar e auxiliar na condução do bote. Além de estar com uma fome do cão, eu morria de medo. A água do rio estava a 0o C. O guia nos informou que se caíssemos nela, deveríamos nos mexer o tempo todo para não resfriarmos. A situação estava preta para o meu lado. E não conseguia disfarçar o meu medo. Continuamos seguindo viagem. Eram 9 horas da noite. Imaginou você no rio, dentro de um bote, nas correntezas, e ainda por cima de noite! Mas isto não significava nada, porque lá não havia noite, o sol iria ficar brilhando toda a noite.
Em seguida, passamos por uma correnteza de nível 2, depois de nível 3, e assim chegamos ao ponto do almoço. O guia havia anunciado que iríamos almoçar na beira do rio, depois de viajarmos por 2 horas. Estava imaginando encontrar um restaurante aconchegante, onde eu ia tirar a barriga da miséria. Ledo engano. O restaurante era uma área roçada na beira do rio. Haviam bancos feitos de tora de madeira e uma pequena casa de madeira, onde lá dentro, trancados com corrente e cadeado, estavam as panelas, utensílios para assar peixe, pratos talheres e xícaras. Nosso almoço estava na mochila do guia. Era peixe cru. Para atear fogo, o guia tinha levado uma pedra que ao ser esfregada num pedaço de pau, produzia faíscas e o fogo surgiu. Nos foi dado a cada um de nós, uma pedra destas como lembrança.
Depois da fogueira feita ele pegou uma grelha enorme de duas partes. Colocou em cada parte, folhas verdes de plantas do mato e em cima das folhas colocou os peixes crus. Fechou uma parte em cima da outra e colocou a grelha na fogueira para assar. Depois de assado, ele tirou os peixes e nos serviu. Usamos o saleiro para salgar. As folhas evitavam que os peixes não se queimassem nas labaredas e não ficassem pretos como carvão. Sentamos nos bancos de toras de madeira. As xícaras, uma grande e uma pequena, feitas de madeira, usadas por nós, nos foram dadas de presente pelo guia, com um cartãozinho da Empresa nos saudando pela viagem. Nelas está escrito o meu nome e a data. As tenho até hoje.
Era uma xícara para tomar o vinho e uma para tomar o café. Comemos peixe com vinho branco. Comi este peixe sem graça como se fosse um tutu mineiro de tanta fome que estava. Depois o guia pegou um bule enorme, todo besuntado de fumaça por fora, e colocou dentro dele água açúcar e pó de café. Este café se dissolvia na água. Tomamos o café comendo um pedaço de bolo. Tudo isto estava dentro da mochila do guia. Almoçamos as 10 horas da noite, na beira do rio, e o céu estava claro como se dia fosse. Depois de tudo arrumado nos devidos lugares, voltamos para o bote, para continuar a aventura. Eu voltei a lembrar da correnteza de nível 4 que iríamos enfrentar em seguida, e me deu um frio na espinha. O pânico começou a tomar conta de mim. Acho que estava branco feito um cadáver dando sorrisos amarelos.
Enfim, chegamos nela. O barco começou a rodopiar e a dar vôos por cima dos desníveis e parecia que estava chovendo dentro dele. Ficou desgovernado, sem controle, durante uns 5 minutos. Para mim pareceu uma eternidade. O barco se encheu tanto de água que depois de passado o sufoco tivemos que ir esvaziando água com uma vasilha até o final da viagem. Depois desta fase fiquei todo orgulhoso de mim pelo fato de ter suportado aquele estresse.
Chegamos ao fim dos 40 kms e atracamos o bote na beira do rio em um píer de madeira. Logo de imediato, chegou um hidroavião a hélice antigo, pousou no rio e se dirigiu até nós. O piloto desceu, conversaram entre si em sueco e logo descobri que eu ia voltar de hidroavião. Novamente começou mais uma aventura. O avião levantou vôo em cima do rio, e viajou os 40 km de volta em apenas 20 minutos, até Jukkasjärvi’ .
Pousamos no rio no mesmo local onde embarcamos no bote. Era meia noite. Eu estava pensando em comer alguma coisa pois estava com fome. Fomos procurar algum bar aberto, mas não encontramos nada. Fui dormir com fome. Ficamos alojados em um bangalô de 3 quartos. Eu fiquei em um, a mulher em outro e o engenheiro no terceiro. Tiramos um bocado de fotos do rafting, do bote , do rio e do bangalô. Mesmo tendo fechado a cortina do quarto, dentro do mesmo ainda permanecia claro. O sol estava brilhando no céu. Dormi mais ou menos.
Passeio até Narvik na Noruega
No outro dia, sexta feira 14/7/95, levantamos bem cedo e não tomamos café da manhã. Pensei comigo, mais um dia que ficarei faminto. Um carro da empresa de turismo nos conduziu até a estação de trem de ferro de Kiruna.
Na estação, um guia nos esperava com uma mochila enorme nas costas. Embarcamos no trem, e seguimos viagem. Quando descobri que eu não ia tomar café, e que ia ficar mais uma vez com fome, manifestei o meu estado critico para o guia. Imediatamente ele pegou seu celular e falou com alguém. Disse-me que quando chegássemos à próxima parada, outro guia iria embarcar no trem e traria consigo lanches para nós. Depois de uma hora isto de fato aconteceu. Eu comi meu lanche como se fosse a última refeição do dia. Viajamos mais uma meia hora e paramos na frente de uma hospedaria.
Descemos do trem e começamos a caminhar. Agora eram dois guias. A foto mostra o inicio do tour e foi tirada pelo guia que trouxe o lanche. Este também seguiu conosco carregando uma mochila ainda maior do que a do guia da foto. Descobri então que atravessaríamos uma floresta, num despenhadeiro, e iríamos chegar a um fiorde, estreito longo, rendilhado e de margens escarpadas, do litoral norueguês, que nos foi mostrado pelo guia, do alto do morro. Era tão longe, e estávamos tão acima, que o fiorde parecia um riacho. Começamos a caminhada descendo o desfiladeiro pelas trilhas já marcadas no mato pelos andarilhos. Depois de caminhar por cerca de 2 horas chegamos enfim ao fiorde. O guia nos disse que ao chegarmos ao final do percurso iríamos encontrar um barco em um atracadouro na beira do fiorde. Pensei comigo, vou almoçar de verdade. Que tristeza.
Antes de aportarmos o barco estacionou num lugar profundo do fiorde. Os guias nos deram linhas para pescar amarradas em carretilhas. Eu pesquei cerca de 5 peixes. Todos nós pescamos. Foram 25 peixes no total. Os guias limparam os peixes dentro do barco e os guardaram dentro de suas mochilas. Desembarcamos na cidade e verificamos que estava na hora de pegar o trem de volta para a Suécia. Era o mesmo trem, que viemos antes. Ele havia chegado e aguardava o novo horário de partir. Aí foi um sufoco. Os guias disseram para caminharmos bem rápido para dar tempo de alcançar o trem. Por final resolveram seguir ligeiro, á nossa frente para tentar convencer o maquinista a nos esperar, caso não chegássemos a tempo. Eu caminhei, e por fim, de tanto andar e subir morros, na pequena Narvik, fiquei muito cansado, e quando finalmente cheguei na estação de trem, o coração já quase estava escapulindo pela boca. Dentro do trem os demais passageiros nos olhavam com um ar muito estranho. Descobri que nosso cheiro de peixe os assustava. Alguns até saiam de perto de nós. Não só o mau cheiro de peixe mas o do suor também contribuía para afastá-los.
De trem seguimos viagem até alcançamos a fronteira Noruega-Suécia, um ponto turístico muito importante da Suécia, denominado Riksgränsen, que em sueco significa fronteira nacional. A foto de abaixo é de 1995. É uma estância de esqui na fronteira entre a Suécia e Noruega no Município de Kiruna. Nossa parada nesta estância tinha a finalidade de fotografar o sol da meia noite. Nos hospedamos no único hotel do local. Tomei um senhor banho. O hotel de 4 estrelas estava pago pela empresa de turismo. As despesas de consumo também. Durante o inverno não se enxergava nada daquelas paisagens do verão. Era pura neve. Os esportes e atividades turísticas eram de inverno. Depois de me banhar fui para o restaurante. Encontrei-me com o resto do pessoal e jantamos. Depois visitamos um museu do local contíguo ao prédio do hotel. Foto da estância e Hotel.
Nossa missão daquela noite era fotografar o sol da meia noite. Esperei até 11 horas. Estava muito cansado. Não dava conta de ficar ligado, a bateria estava arriando e não mais conseguia nem ficar de pé. Devíamos, ainda caminhar cerca de 3 kms a pé subindo montanhas para chegar ao local apropriado para tirar as fotos. Estava claro como meio dia mas o frio era insuportável. Eu não conseguia extrair forças do corpo desfalecido para uma aventura de tal proporção. Então joguei a toalha. Entreguei a minha máquina fotográfica para a minha cicerone e pedi a ela para tirar as fotos para mim em minha máquina. Eles toparam e foram em frente. Fui para o meu quarto e dormi. A repórter Glória Maria, da TV Globo tinha estado em Riksgränsen, uma semana antes de mim. A sua reportagem foi mostrada no Fantástico do domingo dia 16.7.95
O sol da meia-noite é um fenômeno natural que ocorre nos meses de verão em diversos pontos da terra nas imediações das Latitudes ao norte e nas proximidades do Círculo Polar Ártico e nas Latitudes ao sul e próximas do Círculo Polar Antártico. O sol é visível continuamente durante 24 horas, principalmente ao norte do Círculo Polar Ártico e ao sul do Círculo Polar Antártico. O número de dias por ano iluminados pelo sol da meia-noite é variável á medida que circulamos a terra no sentido dos meridianos.Em Kiruna o Sol da meia-noite é visível desde aproximadamente 30 de Maio a 15 de Julho,ou seja 45 dias consecutivos. São 23 noites polares, de 13 de Dezembro a 5 de Janeiro. Um quarto do território da Finlândia fica ao norte do Círculo Polar Ártico e no ponto mais setentrional do país, o sol não se põe por 73 dias durante o verão. Em Svalbard, na Noruega, a região habitada mais ao norte da Europa, não há pôr do sol de 19 de abril a 23 agosto.
Para os países e territórios atravessados pelo Círculo Polar Ártico as populações presenciam a experiência do sol da meia noite. Canadá, Estados Unidos (Alasca), Dinamarca (Groenlândia), Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, e as extremidades da Islândia são os países com regiões iluminadas pelo sol da meia noite.
O fenômeno oposto, a noite polar, ocorre no inverno, quando o sol permanece abaixo do horizonte durante todo o dia. A duração do tempo que o sol está acima do horizonte varia de 20 horas, no Círculo Polar Ártico e no Círculo Polar Antártico para 186 dias nos pólos.
No dia seguinte, sábado, 15/7/1995, acordamos e seguimos a viagem de volta, agora em um Toyota Corola alugado pelo guia. Voltamos e chegamos ao aeroporto de Kiruna na hora de pegar o vôo de volta. Quando cheguei a Estocolmo, fui correndo para o hotel, tomei um banho e tentei me descansar.
Passeio em Estocolmo
Em 24 de abril de 1961, o navio de guerra Vasa surgiu na superfície do porto de Estocolmo. O navio e todos os achados foram preservados depois de um esforço de gigantescas proporções. Desde o final de 1961 até 1988 o Vasa foi alojado em uma estrutura temporária chamada Wasavarvet ( "O Estaleiro Vasa"), onde ele foi tratado com polietileno glicol (PEG) substância que protege objetos de madeira para impedir o encolhimento quando seca. Em 1981, o governo sueco decidiu que um museu permanente Vasa seria construído e um concurso de arquitetura para a concepção do edifício do museu foi organizado. Um total de 384 arquitetos enviaram suas idéias para a construção mais adequada e capaz de abrigar o Vasa e os vencedores finais foram Marianne Dahlbäck e Göran Månsson A construção do novo prédio teve início em torno do dique seco do estaleiro naval em 2 de novembro de 1987. O museu foi inaugurado oficialmente em 1990. De acordo com o site oficial, até agora o museu Vasa foi visto por mais de 25 milhões de pessoas e é o museu mais visitado da Escandinávia. A imagem mostra o navio dentro do museu. O prédio foi construído em volta do navio.